Friday, April 11, 2008

Hoje.


Hoje de manhã, vindo para o trabalho, vi uma senhora que acabara de ser atropelada, deitada na rebouças... Ela estava com o rosto virado de lado, e quando passei na calçada senti seus olhos me acompanhando... Tinha medo no olhar, um pouco de desespero, arrependimento.
Foi instantâneo, pensei: o que a aflige assim? Uma palavra não dita, um abraço não dado, a visita deixada sempre pra depois, o tempo acabando.

O episódio serviu pra me fazer lembrar das pequenas coisas, dos gestos de carinho e cuidado que deixamos de ter ao longo do tempo com aqueles que nos são mais próximos. Mais ainda, me fez pensar no amor, e em como nos enganamos com ele, em como é difícil deixar pra trás um grande amor, porque o dia a dia tem feito mais mal do que bem, porque o coração machucado não consegue mais perdoar. E aos poucos vai retomando a razão e quando enxerga o quanto foi reprimido, controlado, deixado de lado parece que o mundo, injusto, já não é mais seu lugar.

Acho que quando amamos, acima de qualquer coisa, queremos preservar a pessoa amada, protegê-la do sofrimento que a vida pode lhe incutir, a simples imagem da dor nos é insuportável e assim deixamos de fazer diversas coisas e nos forçamos a fazer outras para que ao chegar encontremos um sorriso e não lágrimas.

Ninguém vai me convencer que exite amor sem cuidado.

Espero que a senhora tenha se salvado... espero que ela tenha tido um pouco mais de tempo. Espero ser justa com meus amigos, com minha família, espero poder continuar acreditando no amor como eu o sinto, espero ter força para começar sempre de novo com a mesma fé.