Aposentei a chuteira, tá tá, o tênis de futsal.
Pelo menos por hora, com a gloriosa camisa da maior do interior.
Foi com raça, suor e muita mas muita vontade de ganhar, que me despedi das quadras ao lado de uma equipe guerreira a qual tenho muito a agradecer.
Uma semi-final tensa, do outro lado, o time da casa. O uniforme é preto, como quem pretende dizer: Cuidado. Mas nosso manto é verde e diz sempre: pode vir!
Poucos minutos de jogo, já dá pra sentir que a qualidade está do nosso lado, mas antes dos primeiros 10 cravados no cronômetro, o acaso vem cuspir na nossa cara. 1 x 0 pro lado negro da quadra. A bola se arrastou pelo meio das pernas da melhor goleira que já fez parte do nosso time. Acaso é pouco meu irmão, isso é azar mesmo.
Medo? Não. Não há de ser nada, temos tempo, gana, temos perna.
O empate veio antes mesmo do suspiro da vantagem encher o coração das donas da casa, a bola no pé, o corte na primeira, toco na frente saindo da segunda e o chute sai no limite, quase uma rasteira, (consciente), no canto direito da goleira que se estica e cai incapaz de evitar o abraço da redonda com a rede.
Ufa, tudo igual. Bora começar outra vez.
O jogo é nosso, a gente aperta, pressiona, chega perto, até que pouco tempo depois afundando na lateral direita, corto a marcadora que seca fica a me ver cruzar nos pés da companheira que com categoria coloca a bola pra dentro.
2 x 1 pro manto verde, agora sim, as coisas estão no seu devido lugar.
Ainda falta todo o segundo tempo, e UMA morena do outro lado desequilibra, dá trabalho, assusta. O jogo está quase acabando, faltam uns 5 minutos, não consigo respirar, peço pra sair, preciso de água, de ar. Mas não tem jeito, eu encosto no banco e agonia toma conta de mim, na quadra meu time tomando sufoco, a morena pedalando, inventando, perigosa... Com respeito, peço ao "mestre" que me deixe voltar nela, e para minha surpresa, ele concorda. Entro em quadra, não tem mais bola, não tem mais 10 em jogo virou um a um, nem sei mais pra onde estou virada, só vejo o cabelo preto, o rosto mulato e a chuteira branca que correm, pedem, mas ficam inutilizadas com a proximidade do meu corpo. Olho no olho, e este diz: esquece, pra você hoje, não tem mais nada. Ela aceita, e ali eu sei, que vamos pra final. O juiz apita e ainda sem saber exatamente se posso parar de marcar a morena recebo um abraço suado mas bem-vindo das meninas a comemorar!